sábado, 30 de maio de 2009

Sim, sei bem
Que nunca serei alguém.
Sei de sobra
Que nunca terei uma obra.
Sei, enfim,
Que nunca saberei de mim.
Sim, mas agora,
Enquanto dura esta hora,
Este luar, estes ramos,
Esta paz em que estamos,
Deixem-me crer
O que nunca poderei ser.

Fernando Pessoa

domingo, 24 de maio de 2009

Dia 23 Maio de 2009


Este dia para muita pessoas foi mais um dia, mais um sábado!
Mas este dia vai ficar para sempre guardado na minha caixa dos dias FELIZES e INESQUECIVEIS!Pois já tenho aquela enorme caixa, dos dias CINZENTOS completamente preenchida, e quero ver-me livre dela por um tempo!!!
São estes dias, que pela companhia, e pelo sentido, nos fazem ter vontade de acordar todas as manhãs!
Quero agradecer a quem partilhou comigo este momento, e este percurso de 3 anos! E aqueles que sempre acreditaram em mim, e não me deixaram desistir!
OBRIGADO!!!

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Procura-se um amigo

Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.

Vinicius de Moraes

terça-feira, 19 de maio de 2009

O Amor, quando se revela...

O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...


Fernando Pessoa

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Basset Hounds


Pronto cá esta um cão que adoro, e que desejo ter um belo exemplar! Quem quiser oferecer já sabe:)Será muito bem tratado!

segunda-feira, 11 de maio de 2009

"Uma língua é o lugar donde se vê o Mundo e em que
se traçam os limites do nosso pensar e sentir. Da minha
língua vê-se o mar. Da minha língua ouve-se o seu rumor,
como da de outros se ouvirá o da floresta ou o silêncio do
deserto. Por isso a voz do mar foi a da nossa inquietação."

Vergílio Ferreira

"O coração, se pudesse pensar, pararia"

Considero a vida uma estalagem onde tenho que me demorar até que chegue a diligência do
abismo. Não sei onde me levará, porque não sei nada. Poderia considerar esta estalagem uma
prisão, porque estou compelido a aguardar nela; poderia considerá-la um lugar de sociáveis,
porque aqui me encontro com outros. Não sou, porém, nem impaciente nem comum. Deixo ao
que são os que se fecham no quarto, deitados moles na cama onde esperam sem sono; deixo ao
que fazem os que conversam nas salas, de onde as músicas e as vozes chegam cómodas até
mim. Sento-me à porta e embebo meus olhos e ouvidos nas cores e nos sons da paisagem, e
canto lento, para mim só, vagos cantos que componho enquanto espero.
Para todos nós descerá a noite e chegará a diligência. Gozo a brisa que me dão e a alma que
me deram para gozá-la, e não interrogo mais nem procuro. Se o que deixar escrito no livro
dos viajantes puder, relido um dia por outros, entretê-los também na passagem, será bem. Se
não o lerem, nem se entretiverem, será bem também."



Fernando Pessoa, O livro do desassossego.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

A crise


"A criatividade nasce da angústia como o dia nasce da noite.
É da crise que nasce a invenção, os descobrimentos e as grandes estratégias.
Quem superar a crise supera-se a si mesmo, sem ficar “superado”. Quem atribui à crise os seus fracassos e penúrias, violenta o seu próprio talento e
respeita mais os problemas do que as soluções."

Albert Einstein

segunda-feira, 4 de maio de 2009


Sinto tristeza, qundo não sorri.
Fico perdida se está a sofrer,
pois essas feridas fazem-me doer,
levam-me a ver coisas como nunca vi!

Vejo-a sofrer, sofro também!
Apetece-me fugir sem mais voltar
sinto-me incapaz de a judar,
sou um fracaso...sou quase ninguém.

Fugir da realidade? Sou demente!
A dor é teimosa e persistente.
Dor de mãe? A dor é nossa!

Trocaria consigo sem hesitar
Cada Ai! Dessa dor sem falar
Por um sorriso seu, maravilhosa!

sv