terça-feira, 28 de abril de 2009

Súplica




Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.

Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.

Miguel Torga

sábado, 25 de abril de 2009

The Notebook





"A minha vida? Não é fácil de explicar. Não tem sido o percurso
naturalmente esplêndido que eu imaginava que pudesse ser, mas
também não tenho sido um furavidas ...Mas não se iludam.

Não sou nada de especial e disto estou certo.
Sou um homem vulgar, com pensamentos vulgares,

e vivi uma vida vulgar. Não há monumentos dedicados a mim e

o meu nome daqui a uns anos estará esquecido,

mas amei outra pessoa com
toda a minha alma e coração e isso para mim,

é que contou..."

Nicholas Sparks



Um pequeno excerto do "Diário da Nossa Paixão" de Nicholas Sparks... esta não é mais uma simples história de amor.Mas sim a única...

terça-feira, 21 de abril de 2009

O País

Este texto foi escrito por Eça de Queirós, em 1871, e incluído no primeiro número de "As Farpas".
Podia ter sido escrito esta manhã.E ninguém reparava que tinham passado 138 anos ou 138 minutos. Infelizmente é verdade.Mudam os tempos...mas nem tudo muda.

«O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os carácteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências.»

sexta-feira, 17 de abril de 2009


"Tenho pensamentos que, se pudesse revela-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens."

Fernando Pessoa

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Pégaso


Segundo a mitologia grega, o pégaso (Πήγασος) é um cavalo alado que nasceu da mistura do sangue da Medusa, uma das Górgones (ou Górgonas) quando esta teve a cabeça cortada por Perseu, com a espuma do mar. A Medusa, ao contrário das outras duas Górgones, não era imortal; isto porque era apenas uma mortal transformada em Górgone pela deusa Atena. A mesma apresentou o pégaso às Musas, passando ele a ser o cavalo delas, e a estar a serviço dos poetas.

O pégaso aparece também na história de Belerofonte; o herói, com ajuda de Atena (mais uma vez presente) e da rédea de ouro, domou o pégaso e matou Quimera, um poderoso mosntro com corpo de cabra, cabeça de leão e cauda de serpente, que assolava os reinos da Cária e da Lícia com o fogo que lançava pela boca (compare com a figura dos dragões orientais).

Pégaso vivia no Parnaso, no Hélicon, no Pindo e na Piéria, lugares frequentados pelas Musas, filhas de Zeus e Mnemósine, e onde o cavalo alado costumava pastar. Com um de seus coices, fez nascer a fonte de Hipocrene, que se acreditava ser a fonte de inspiração dos poetas.
É símbolo da imaginação e da imortalidade.

Por fim, mais tarde, o pégaso voou para o Olimpo e foi transformado por Zeus numa constelação (a constelação de Pégasus).

Vai alta no céu a lua da Primavera


Vai alta no céu a lua da Primavera
Penso em ti e dentro de mim estou completo.

Corre pelos vagos campos até mim uma brisa ligeira.
Penso em ti, murmuro o teu nome; e não sou eu: sou feliz.

Amanhã virás, andarás comigo a colher flores pelo campo,
E eu andarei contigo pelos campos ver-te colher flores.
Eu já te vejo amanhã a colher flores comigo pelos campos,
Pois quando vieres amanhã e andares comigo no campo a colher flores,
Isso será uma alegria e uma verdade para mim.

Alberto Caeiro

Mistério



Gosto de ti, ó chuva, nos beirados,
Dizendo coisas que ninguém entende!
Da tua cantilena se desprende
Um sonho de magia e de pecados.

Dos teus pálidos dedos delicados
Uma alada canção palpita e ascende,
Frases que a nossa boca não aprende,
Murmúrios por caminhos desolados.

Pelo meu rosto branco, sempre frio,
Fazes passar o lúgubre arrepio
Das sensações estranhas, dolorosas…

Talvez um dia entenda o teu mistério…
Quando, inerte, na paz do cemitério,
O meu corpo matar a fome às rosas!

Florbela Espanca

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Deolinda



Já gostava deles, mas depois de os ver ao vivo fiquei super fã!
Novo fado, uma nova lufada de ar fresco na música portuguesa.

Espero que gostem: http://www.deolinda.com.pt/

segunda-feira, 6 de abril de 2009

As Bolas de Sabão


As bolas de sabão que esta criança
Se entretém a largar de uma palhinha
São translucidamente uma filosofia toda.
Claras, inúteis e passageiras como a Natureza,
Amigas dos olhos como as cousas,
São aquilo que são
Com uma precisão redondinha e aérea,
E ninguém, nem mesmo a criança que as deixa,
Pretende que elas são mais do que parecem ser.
Algumas mal se vêem no ar lúcido.
São como a brisa que passa e mal toca nas flores
E que só sabemos que passa
Porque qualquer cousa se aligeira em nós
E aceita tudo mais nitidamente.


Alberto Caeiro