domingo, 22 de fevereiro de 2009

Eu


Eu hoje descobri que ainda não vivi nada...ainda não te vi!
Descobri que por mais voltas que dê,ainda não saí... ainda não te vi!

E por mais estupido que possa parecer, por mais estranho, o não te ter visto tornou-se um problema que não tinha antes. Antes de saber que nunca te tinha visto.

Agora saber tudo isto, após achar que já tinha sentido tudo... mas afinal nada, nada mesmo, pura ilusão! Simples confusão.

Pois só posso ser eu mesma, depois de te ver, até lá não sei que ser humano me vou tornar, que sonhos terei nesse tempo, que horizonte quero veslumbrar da minha janela.E que caminho seguir!

Afinal nunca perdi nada, nunca sofri antes de desilusão.Nunca fiquei triste por estar sozinha.Apenas ainda não sabia!Andei sempre longe de mim...
Porque ainda não te vi!

SV

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Sol








Este ano quase nem demos por ele! Mas as Saudades já apertam:).Um pouco de sol para matar saudades!

Eros e Psique


Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada
Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.
A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.
Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.
Mas cada um cumpre o Destino —
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.
E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,
E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.

Fernando Pessoa

Florbela Espanca




Lágrimas ocultas - Florbela Espanca


Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...

E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...

E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!