quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Florbela Espanca




Lágrimas ocultas - Florbela Espanca


Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...

E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...

E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!

1 comentário:

Antonio disse...

Oi Nortinha, muito obrigado por acompanhar meu blog! Eu leio sempre as coisas que vc coloca no blog ESFERA CELESTE. Teus gostos são apuradíssimos, FernandO Pessoa, Florbela Espanca. Eu adoro a literatura portuguesa, especialmente um conto chamado O BARÃO, de Branquinho da Fonseca, e too gosto muito do Miguel Torga, do Saramago... bjs