
Lágrimas ocultas - Florbela Espanca
Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!
1 comentário:
Oi Nortinha, muito obrigado por acompanhar meu blog! Eu leio sempre as coisas que vc coloca no blog ESFERA CELESTE. Teus gostos são apuradíssimos, FernandO Pessoa, Florbela Espanca. Eu adoro a literatura portuguesa, especialmente um conto chamado O BARÃO, de Branquinho da Fonseca, e too gosto muito do Miguel Torga, do Saramago... bjs
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