Passa uma borboleta por diante de mim
E pela primeira vez no Universo eu reparo
Que as borboletas não têm cor nem movimento,
Assim como as flores não têm perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,No movimento da borboleta
o movimento é que se move,
o perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor.
Alberto Caeiro
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
domingo, 8 de novembro de 2009
A maior solidão é do ser que não ama...
A maior solidão é a do ser que não ama.
A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.
A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo, o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.
O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se, o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo.
Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete.
Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.
Vinicius de Moraes
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir
Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir
São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder
Há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer
A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera
Ai... meu choro de moça perdida
gritava à cidade
que o fogo do amor sob chuva
há instantes morrera
A chuva ouviu e calou
meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade.
Mariza (Fado)
Composição:Jorge Fernando
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir
Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir
São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder
Há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer
A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera
Ai... meu choro de moça perdida
gritava à cidade
que o fogo do amor sob chuva
há instantes morrera
A chuva ouviu e calou
meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade.
Mariza (Fado)
Composição:Jorge Fernando
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Última Estrela
Última estrela a desaparecer antes do dia,
Pouso no teu trêmulo azular branco os meus olhos calmos,
E vejo-te independentemente de mim;
Alegre pelo critério que tenho em Poder ver-te
Sem "estado de alma" nenhum, sonho ver-te.
A tua beleza para mim está em existires
A tua grandeza está em existires inteiramente fora de mim.
Alberto Caeiro
Pouso no teu trêmulo azular branco os meus olhos calmos,
E vejo-te independentemente de mim;
Alegre pelo critério que tenho em Poder ver-te
Sem "estado de alma" nenhum, sonho ver-te.
A tua beleza para mim está em existires
A tua grandeza está em existires inteiramente fora de mim.
Alberto Caeiro
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
Custa tanto saber o que se sente quando reparamos em nós!…
Mesmo viver sabe a custar tanto quando se dá por isso…
Falai, portanto, sem repardes que existis…
Quem pudesse gritar para despertarmos!
Estou a ouvir-me gritar dentro de mim, mas já não sei o caminho da minha vontade para a minha garganta.
Fernando Pessoa
Mesmo viver sabe a custar tanto quando se dá por isso…
Falai, portanto, sem repardes que existis…
Quem pudesse gritar para despertarmos!
Estou a ouvir-me gritar dentro de mim, mas já não sei o caminho da minha vontade para a minha garganta.
Fernando Pessoa
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
domingo, 27 de setembro de 2009
terça-feira, 15 de setembro de 2009
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Se eu pudesse trincar a terra toda
Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
E se a terra fosse uma cousa para trincar
Seria mais feliz um momento...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...
Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se,
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva...
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja...
Alberto Caeiro
terça-feira, 1 de setembro de 2009
Soneto do amigo
Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.
É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo
Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.
O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...
Vinicius de Moraes
Dedicado ao dia de hoje, e à companhia de uma grande amiga que sabe estar sempre presente. Obrigada pela amizade amiga Patricia:)
SV
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.
É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo
Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.
O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...
Vinicius de Moraes
Dedicado ao dia de hoje, e à companhia de uma grande amiga que sabe estar sempre presente. Obrigada pela amizade amiga Patricia:)
SV
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Um vazio no tempo
Texto que Raúl Solnado escreveu e que foi colocado sábado junto à sua urna
Um vazio no tempo
«Numa das últimas vezes que estive na Expo de Lisboa, descobri estranhamente uma pequena sala completamente despojada, apenas com meia dúzia de bancos corridos. Nada mais tinha. Não existia qualquer sinal religioso e por essa razão pensei que aquele espaço se tratava dum templo grandioso. Quase como um espanto senti uma sensação que nunca sentira antes e de repente uma enorme vontade de rezar não sei a quê ou a quem. Fechei os olhos, apertei as mãos, entrelacei os dedos e comecei a sentir uma emoção rara, um silêncio absoluto e tudo o que pensava só podia ser trazido por um Deus que ali deveria viver e que me ia envolvendo no meu corpo adormecido. O meu pensamento aquietou-se naquele pasmo deslumbrante, naquela serenidade, naquela paz.
Quando os meus olhos se abriram, aquele meu Deus tinha desaparecido em qualquer canto que só ele conhece, um canto que nunca ninguém conheceu e quando saí daquela porta corri para a beira do Tejo para dar um berro de gratidão com a minha alma e sorri para o Universo.
Aquela vírgula no tempo, foi o mais belo minuto de silêncio que iluminou a minha vida, que me fez reencontrar e que me deu a esperança de que, num tempo que seja breve, me volte a acontecer.
Que esse Deus assim queira!»
Raul Solnado
“Façam o favor de ser felizes!”
Um vazio no tempo
«Numa das últimas vezes que estive na Expo de Lisboa, descobri estranhamente uma pequena sala completamente despojada, apenas com meia dúzia de bancos corridos. Nada mais tinha. Não existia qualquer sinal religioso e por essa razão pensei que aquele espaço se tratava dum templo grandioso. Quase como um espanto senti uma sensação que nunca sentira antes e de repente uma enorme vontade de rezar não sei a quê ou a quem. Fechei os olhos, apertei as mãos, entrelacei os dedos e comecei a sentir uma emoção rara, um silêncio absoluto e tudo o que pensava só podia ser trazido por um Deus que ali deveria viver e que me ia envolvendo no meu corpo adormecido. O meu pensamento aquietou-se naquele pasmo deslumbrante, naquela serenidade, naquela paz.
Quando os meus olhos se abriram, aquele meu Deus tinha desaparecido em qualquer canto que só ele conhece, um canto que nunca ninguém conheceu e quando saí daquela porta corri para a beira do Tejo para dar um berro de gratidão com a minha alma e sorri para o Universo.
Aquela vírgula no tempo, foi o mais belo minuto de silêncio que iluminou a minha vida, que me fez reencontrar e que me deu a esperança de que, num tempo que seja breve, me volte a acontecer.
Que esse Deus assim queira!»
Raul Solnado
“Façam o favor de ser felizes!”
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
sábado, 18 de julho de 2009
segunda-feira, 13 de julho de 2009
A filha da NINA
domingo, 12 de julho de 2009
Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas ...
domingo, 5 de julho de 2009
É urgente o amor

É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.
Eugénio de Andrade
segunda-feira, 29 de junho de 2009
segunda-feira, 15 de junho de 2009
Vi o monte…
Queria simplesmente subir até lá!
Gostava de ver a sua vista, o deslumbramento da sua altura.
Sentar-me numa de apreciar, absorver!
Mas vi de longe, nunca pensei que fosse longe!?
Alguém me tinha dito, É longe!
Aquela distância era uma miragem.
Pensei em voltar para trás.
Ou até nunca mais pensar em subir.
Mas não…não desisti.
Fui caminhando dia-a-dia.
Desbravei caminho hora a hora, e em cada segundo o vento me empurrou.
Ainda lá estou bem no cimo, nas alturas…
Onde só chegam aqueles que acreditam.
Os que apenas querem ver a vista de outro ângulo.
Os que somente querem dar à vida mais cor, mais sentido!
Sem se importarem com a caminhada!
SV
quarta-feira, 10 de junho de 2009
Portugal
O teu destino é nunca haver chegada
O teu destino é outra índia e outro mar
E a nova nau lusíada apontada
A um país que só há no verbo achar
Manuel Alegre
O teu destino é outra índia e outro mar
E a nova nau lusíada apontada
A um país que só há no verbo achar
Manuel Alegre
segunda-feira, 8 de junho de 2009
segunda-feira, 1 de junho de 2009
VOZES DO MAR
Quando o sol vai caindo sobre as águas
Num nervoso delíquio d'oiro intenso,
Donde vem essa voz cheia de mágoas
Com que falas à terra, ó mar imenso?...
Tu falas de festins, e cavalgadas
De cavaleiros errantes ao luar?
Falas de caravelas encantadas
Que dormem em teu seio a soluçar?
Tens cantos d'epopeias? Tens anseios
D'amarguras? Tu tens também receios,
Ó mar cheio de esperança e majestade?!
Donde vem essa voz, ó mar amigo?...
... Talvez a voz do Portugal antigo,
Chamando por Camões numa saudade!
Florbela Espanca
A FADA DAS CRIANÇAS

Do seu longínquo reino cor-de-rosa,
Voando pela noite silenciosa,
A fada das crianças vem, luzindo.
Papoilas a coroam, e, cobrindo
Seu corpo todo, a tornam misteriosa.
À criança que dorme chega leve,
E, pondo-lhe na fronte a mão de neve,
Os seus cabelos de ouro acaricia –
E sonhos lindos, como ninguém teve,
A sentir a criança principia.
E todos os brinquedos se transformam
Em coisas vivas, e um cortejo formam:
Cavalos e soldados e bonecas,
Ursos e pretos, que vêm, vão e tornam,
E palhaços que tocam em rabecas…
E há figuras pequenas e engraçadas
Que brincam e dão saltos e passadas…
Mas vem o dia, e, leve e graciosa,
Pé ante pé, volta a melhor das fadas
Ao seu longínquo reino cor-de-rosa.
Fernando Pessoa
sábado, 30 de maio de 2009
domingo, 24 de maio de 2009
Dia 23 Maio de 2009
Este dia para muita pessoas foi mais um dia, mais um sábado!
Mas este dia vai ficar para sempre guardado na minha caixa dos dias FELIZES e INESQUECIVEIS!Pois já tenho aquela enorme caixa, dos dias CINZENTOS completamente preenchida, e quero ver-me livre dela por um tempo!!!
São estes dias, que pela companhia, e pelo sentido, nos fazem ter vontade de acordar todas as manhãs!
Quero agradecer a quem partilhou comigo este momento, e este percurso de 3 anos! E aqueles que sempre acreditaram em mim, e não me deixaram desistir!
OBRIGADO!!!
quinta-feira, 21 de maio de 2009
Procura-se um amigo
Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.
Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.
Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.
Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.
Vinicius de Moraes
Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.
Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.
Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.
Vinicius de Moraes
terça-feira, 19 de maio de 2009
O Amor, quando se revela...
O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
Fernando Pessoa
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
Fernando Pessoa
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Basset Hounds
segunda-feira, 11 de maio de 2009
"O coração, se pudesse pensar, pararia"
Considero a vida uma estalagem onde tenho que me demorar até que chegue a diligência do
abismo. Não sei onde me levará, porque não sei nada. Poderia considerar esta estalagem uma
prisão, porque estou compelido a aguardar nela; poderia considerá-la um lugar de sociáveis,
porque aqui me encontro com outros. Não sou, porém, nem impaciente nem comum. Deixo ao
que são os que se fecham no quarto, deitados moles na cama onde esperam sem sono; deixo ao
que fazem os que conversam nas salas, de onde as músicas e as vozes chegam cómodas até
mim. Sento-me à porta e embebo meus olhos e ouvidos nas cores e nos sons da paisagem, e
canto lento, para mim só, vagos cantos que componho enquanto espero.
Para todos nós descerá a noite e chegará a diligência. Gozo a brisa que me dão e a alma que
me deram para gozá-la, e não interrogo mais nem procuro. Se o que deixar escrito no livro
dos viajantes puder, relido um dia por outros, entretê-los também na passagem, será bem. Se
não o lerem, nem se entretiverem, será bem também."
Fernando Pessoa, O livro do desassossego.
abismo. Não sei onde me levará, porque não sei nada. Poderia considerar esta estalagem uma
prisão, porque estou compelido a aguardar nela; poderia considerá-la um lugar de sociáveis,
porque aqui me encontro com outros. Não sou, porém, nem impaciente nem comum. Deixo ao
que são os que se fecham no quarto, deitados moles na cama onde esperam sem sono; deixo ao
que fazem os que conversam nas salas, de onde as músicas e as vozes chegam cómodas até
mim. Sento-me à porta e embebo meus olhos e ouvidos nas cores e nos sons da paisagem, e
canto lento, para mim só, vagos cantos que componho enquanto espero.
Para todos nós descerá a noite e chegará a diligência. Gozo a brisa que me dão e a alma que
me deram para gozá-la, e não interrogo mais nem procuro. Se o que deixar escrito no livro
dos viajantes puder, relido um dia por outros, entretê-los também na passagem, será bem. Se
não o lerem, nem se entretiverem, será bem também."
Fernando Pessoa, O livro do desassossego.
sexta-feira, 8 de maio de 2009
A crise

"A criatividade nasce da angústia como o dia nasce da noite.
É da crise que nasce a invenção, os descobrimentos e as grandes estratégias.
Quem superar a crise supera-se a si mesmo, sem ficar “superado”. Quem atribui à crise os seus fracassos e penúrias, violenta o seu próprio talento e
respeita mais os problemas do que as soluções."
Albert Einstein
segunda-feira, 4 de maio de 2009

Sinto tristeza, qundo não sorri.
Fico perdida se está a sofrer,
pois essas feridas fazem-me doer,
levam-me a ver coisas como nunca vi!
Vejo-a sofrer, sofro também!
Apetece-me fugir sem mais voltar
sinto-me incapaz de a judar,
sou um fracaso...sou quase ninguém.
Fugir da realidade? Sou demente!
A dor é teimosa e persistente.
Dor de mãe? A dor é nossa!
Trocaria consigo sem hesitar
Cada Ai! Dessa dor sem falar
Por um sorriso seu, maravilhosa!
sv
terça-feira, 28 de abril de 2009
Súplica

Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.
Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.
Miguel Torga
sábado, 25 de abril de 2009
The Notebook

"A minha vida? Não é fácil de explicar. Não tem sido o percurso
naturalmente esplêndido que eu imaginava que pudesse ser, mas
também não tenho sido um furavidas ...Mas não se iludam.
Não sou nada de especial e disto estou certo.
Sou um homem vulgar, com pensamentos vulgares,
e vivi uma vida vulgar. Não há monumentos dedicados a mim e
o meu nome daqui a uns anos estará esquecido,
mas amei outra pessoa com
toda a minha alma e coração e isso para mim,
é que contou..."
Nicholas Sparks
Um pequeno excerto do "Diário da Nossa Paixão" de Nicholas Sparks... esta não é mais uma simples história de amor.Mas sim a única...
terça-feira, 21 de abril de 2009
O País
Este texto foi escrito por Eça de Queirós, em 1871, e incluído no primeiro número de "As Farpas".
Podia ter sido escrito esta manhã.E ninguém reparava que tinham passado 138 anos ou 138 minutos. Infelizmente é verdade.Mudam os tempos...mas nem tudo muda.
«O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os carácteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências.»
Podia ter sido escrito esta manhã.E ninguém reparava que tinham passado 138 anos ou 138 minutos. Infelizmente é verdade.Mudam os tempos...mas nem tudo muda.
«O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os carácteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências.»
sexta-feira, 17 de abril de 2009
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Pégaso

Segundo a mitologia grega, o pégaso (Πήγασος) é um cavalo alado que nasceu da mistura do sangue da Medusa, uma das Górgones (ou Górgonas) quando esta teve a cabeça cortada por Perseu, com a espuma do mar. A Medusa, ao contrário das outras duas Górgones, não era imortal; isto porque era apenas uma mortal transformada em Górgone pela deusa Atena. A mesma apresentou o pégaso às Musas, passando ele a ser o cavalo delas, e a estar a serviço dos poetas.
O pégaso aparece também na história de Belerofonte; o herói, com ajuda de Atena (mais uma vez presente) e da rédea de ouro, domou o pégaso e matou Quimera, um poderoso mosntro com corpo de cabra, cabeça de leão e cauda de serpente, que assolava os reinos da Cária e da Lícia com o fogo que lançava pela boca (compare com a figura dos dragões orientais).
Pégaso vivia no Parnaso, no Hélicon, no Pindo e na Piéria, lugares frequentados pelas Musas, filhas de Zeus e Mnemósine, e onde o cavalo alado costumava pastar. Com um de seus coices, fez nascer a fonte de Hipocrene, que se acreditava ser a fonte de inspiração dos poetas.
É símbolo da imaginação e da imortalidade.
Por fim, mais tarde, o pégaso voou para o Olimpo e foi transformado por Zeus numa constelação (a constelação de Pégasus).
Vai alta no céu a lua da Primavera

Vai alta no céu a lua da Primavera
Penso em ti e dentro de mim estou completo.
Corre pelos vagos campos até mim uma brisa ligeira.
Penso em ti, murmuro o teu nome; e não sou eu: sou feliz.
Amanhã virás, andarás comigo a colher flores pelo campo,
E eu andarei contigo pelos campos ver-te colher flores.
Eu já te vejo amanhã a colher flores comigo pelos campos,
Pois quando vieres amanhã e andares comigo no campo a colher flores,
Isso será uma alegria e uma verdade para mim.
Alberto Caeiro
Mistério

Gosto de ti, ó chuva, nos beirados,
Dizendo coisas que ninguém entende!
Da tua cantilena se desprende
Um sonho de magia e de pecados.
Dos teus pálidos dedos delicados
Uma alada canção palpita e ascende,
Frases que a nossa boca não aprende,
Murmúrios por caminhos desolados.
Pelo meu rosto branco, sempre frio,
Fazes passar o lúgubre arrepio
Das sensações estranhas, dolorosas…
Talvez um dia entenda o teu mistério…
Quando, inerte, na paz do cemitério,
O meu corpo matar a fome às rosas!
Florbela Espanca
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Deolinda
segunda-feira, 6 de abril de 2009
As Bolas de Sabão

As bolas de sabão que esta criança
Se entretém a largar de uma palhinha
São translucidamente uma filosofia toda.
Claras, inúteis e passageiras como a Natureza,
Amigas dos olhos como as cousas,
São aquilo que são
Com uma precisão redondinha e aérea,
E ninguém, nem mesmo a criança que as deixa,
Pretende que elas são mais do que parecem ser.
Algumas mal se vêem no ar lúcido.
São como a brisa que passa e mal toca nas flores
E que só sabemos que passa
Porque qualquer cousa se aligeira em nós
E aceita tudo mais nitidamente.
Alberto Caeiro
sexta-feira, 27 de março de 2009
Dia Mundial do Teatro - 27 de Março

«Todas as sociedades humanas são espectaculares no seu quotidiano, e produzem espectáculos em momentos especiais. São espectaculares como forma de organização social, e produzem espectáculos como este que vocês vieram ver.
Mesmo quando inconscientes, as relações humanas são estruturadas em forma teatral: o uso do espaço, a linguagem do corpo, a escolha das palavras e a modulação das vozes, o confronto de ideias e paixões, tudo que fazemos no palco fazemos sempre em nossas vidas: nós somos teatro!
Não só casamentos e funerais são espectáculos, mas também os rituais quotidianos que, por sua familiaridade, não nos chegam à consciência. Não só pompas, mas também o café da manhã e os bons-dias, tímidos namoros e grandes conflitos passionais, uma sessão do Senado ou uma reunião diplomática - tudo é teatro.
Uma das principais funções da nossa arte é tornar conscientes esses espectáculos da vida diária onde os actores são os próprios espectadores, o palco é a plateia e a plateia, palco. Somos todos artistas: fazendo teatro, aprendemos a ver aquilo que nos salta aos olhos, mas que somos incapazes de ver tão habituados estamos a olhar. O que nos é familiar torna-se invisível: fazer teatro, ao contrário, ilumina o palco da nossa vida quotidiana.
Em Setembro do ano passado fomos surpreendidos por uma revelação teatral: nós, que pensávamos viver em um mundo seguro apesar das guerras, genocídios, hecatombes e torturas que aconteciam, sim, mas longe de nós em países distantes e selvagens, nós vivíamos seguros com nosso dinheiro guardado em um banco respeitável ou nas mãos de um honesto corretor da Bolsa - nós fomos informados de que esse dinheiro não existia, era virtual, feia ficção de alguns economistas que não eram ficção, nem eram seguros, nem respeitáveis. Tudo não passava de mau teatro com triste enredo, onde poucos ganhavam muito e muitos perdiam tudo. Políticos dos países ricos fecharam-se em reuniões secretas e de lá saíram com soluções mágicas. Nós, vítimas de suas decisões, continuamos espectadores sentados na última fila das galerias.
Vinte anos atrás, eu dirigi Fedra de Racine, no Rio de Janeiro. O cenário era pobre; no chão, peles de vaca; em volta, bambus. Antes de começar o espectáculo, eu dizia aos meus actores: - "Agora acabou a ficção que fazemos no dia-a-dia. Quando cruzarem esses bambus, lá no palco, nenhum de vocês tem o direito de mentir. Teatro é a Verdade Escondida".
Vendo o mundo além das aparências, vemos opressores e oprimidos em todas as sociedades, etnias, géneros, classes e castas, vemos o mundo injusto e cruel. Temos a obrigação de inventar outro mundo porque sabemos que outro mundo é possível. Mas cabe a nós construí-lo com nossas mãos entrando em cena, no palco e na vida.
Assistam ao espectáculo que vai começar; depois, em suas casas com seus amigos, façam suas peças vocês mesmos e vejam o que jamais puderam ver: aquilo que salta aos olhos. Teatro não pode ser apenas um evento - é forma de vida!
Actores somos todos nós, e cidadão não é aquele que vive em sociedade: é aquele que a transforma!»
Augusto Boal
2009
quinta-feira, 19 de março de 2009
Pai

Ter um Pai ! É ter na vida
Uma luz por entre escolhos ;
É ter dois olhos no mundo
Que vêem pelos nossos olhos !
Ter um Pai ! Um coração
Que apenas amor encerra,
É ver Deus, no mundo vil,
É ter os céus cá na terra !
Ter um Pai ! Nunca se perde
Aquela santa afeição,
Sempre a mesma, quer o filho
Seja um santo ou um ladrão ;
Talvez maior, sendo infame
O filho que é desprezado
Pelo mundo ; pois um Pai
Perdoa ao mais desgraçado !
Ter um Pai ! Um santo orgulho
Pró coração que lhe quer
Um orgulho que não cabe
Num coração de mulher !
Embora ele seja imenso
Vogando pelo ideal,
O coração que me deste
Ó Pai bondoso é leal !
Ter um Pai ! Doce poema
Dum sonho bendito e santo
Nestas letras pequeninas,
Astros dum céu todo encanto !
Ter um Pai ! Os órfãozinhos
Não conhecem este amor !
Por mo fazer conhecer,
Bendito seja o senhor!!
FLORBELA ESPANCA
domingo, 8 de março de 2009
Dia Internacional da Mulher

Hoje comemora-se o dia internacional da mulher! Fui tentar descobrir o porquê desta comemoração. Que a meu ver deve ser todos os dias:)
Feliz Dia da Mulher
PORQUÊ O DIA 8 DE MARÇO
Neste dia, do ano de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve, ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas operárias que, nas suas 16 horas, recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas na fábrica onde, entretanto, se declarara um incêndio, e cerca de 130 mulheres morreram queimadas. Em 1910, numa conferência internacional de mulheres realizada na Dinamarca, foi decidido, em homenagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de Março como "Dia Internacional da Mulher". De então para cá o movimento a favor da emancipação da mulher tem tomado forma, tanto em Portugal como no resto do mundo.
O QUE SE PRETENDE COM A CELEBRAÇÃO DESTE DIA
Pretende-se chamar a atenção para o papel e a dignidade da mulher e levar a uma tomada de consciência do valor da pessoa, perceber o seu papel na sociedade, contestar e rever preconceitos e limitações que vêm sendo impostos à mulher.
segunda-feira, 2 de março de 2009

Um texto que a amiga Patricia encontrou neste universo virtual!Dedico-o a todas a pessoas que conseguem ultrapassar os obstáculos que nos surgem nesta estrada da vida! Principalmente a ti Patricia:)
Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo...
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos...
Já expulsei pessoas que amava da minha vida, já me arrependi por isso...
Já passei noites a chorar até chegar o sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos...
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem...
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram...
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer fugir...
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi...
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta no meu canto...
Já sorri a chorar lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir...
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam...
Já tive crises de riso quando não podia... Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse...
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar...
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros...
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz...
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava...
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade...
Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali"...
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais...
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.....
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram...
Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim...
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre...
Não me mostrem o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!...
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!...
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão...
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma para SEMPRE!
Gosto dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes ...
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Até me podem empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
- E daí? EU ADORO VOAR !!!
domingo, 22 de fevereiro de 2009
Eu

Eu hoje descobri que ainda não vivi nada...ainda não te vi!
Descobri que por mais voltas que dê,ainda não saí... ainda não te vi!
E por mais estupido que possa parecer, por mais estranho, o não te ter visto tornou-se um problema que não tinha antes. Antes de saber que nunca te tinha visto.
Agora saber tudo isto, após achar que já tinha sentido tudo... mas afinal nada, nada mesmo, pura ilusão! Simples confusão.
Pois só posso ser eu mesma, depois de te ver, até lá não sei que ser humano me vou tornar, que sonhos terei nesse tempo, que horizonte quero veslumbrar da minha janela.E que caminho seguir!
Afinal nunca perdi nada, nunca sofri antes de desilusão.Nunca fiquei triste por estar sozinha.Apenas ainda não sabia!Andei sempre longe de mim...
Porque ainda não te vi!
SV
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Eros e Psique
Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada
Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.
A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.
Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.
Mas cada um cumpre o Destino —
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.
E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,
E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.
Fernando Pessoa
Florbela Espanca

Lágrimas ocultas - Florbela Espanca
Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!
sábado, 24 de janeiro de 2009
Home Michael Bublé

Uma das minhas músicas favoritas deste grande artista:)
Outro dia de verão
Que vem e vai embora
Em Paris ou em Roma
Mas eu quero ir para casa
Talvez cercado de
um milhão de pessoas, eu
ainda me sinto totalmente sozinho
Eu somente quero ir para casa
Eu sinto tua falta, sabes?
Eu continuo guardando todas as cartas que te escrevi
Em cada uma delas, uma ou duas linhas
"Estou bem querida, como tu estás?"
Bem, eu as enviaria, mas sei que isto não é o bastante
minhas palavras eram frias e vazias
E tu mereces mais do que isto
Outro avião
Outro lugar ensolarado
Eu tenho sorte, eu sei
mas eu quero ir para casa
tenho que ir para casa
Deixa-me ir para casa
Estou tão longe
de onde tu estás
Eu quero ir para casa
Sinto como se estivesse vivendo a vida de outra pessoa
É como se eu acabasse de sair
Quando estava indo tudo bem
E eu sei exactamente porque tu não poderias
vir comigo
Isto não era o teu sonho
Mas tu sempre acreditas-te em mim
Outro dia de inverno veio
e já foi embora
E mesmo em Paris ou Roma
E eu quero ir para casa
Deixa-me ir para casa
E estou cercado por um milhão de pessoas
Ainda me sinto sozinho
Deixa-me ir para casa
Sinto a tua falta tu sabe
Deixa-me ir para casa
Eu tive minha oportunidade
querida, terminei
Estou indo para casa
Deixa-me ir para casa
Ficará tudo bem
Estarei em casa hoje a noite
Estou a voltar para casa
Home (tradução)
Michael Bublé
Composição: Michael Bublé, David Foster, Bill Ross
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
A minha aldeia

Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.
Fernando Pessoa
made in "Guardador de Rebanhos".
domingo, 4 de janeiro de 2009
Como irritar as pessoas do signo Peixe

Diga para se agarrarem a si mesmos.
Marque um encontro com eles em locais brilhantes, barulhentos, cheios de gente.
Deixe-os falar sem parar e no fim diga que não percebeu nada.
Grite, fale aos berros.
Conte os seus "segredos" e deixe-os ficar emocionados com a sua sinceridade, depois ria e pergunte: "Não me digas que acreditaste?!".
Convide-os para ver as estrelas e fale sobre temas fúteis como bolsa, comércio...
Estrague o seu CD preferido.
Deixe cair a sua máquina fotográfica.
Sublinhe os livros que ele lhe emprestou.
Escolha filmes violentos.
Repita frequentemente que romance, flores e bombons, não têm qualquer sentido.
sábado, 3 de janeiro de 2009
Ano Novo

Descobri agora o que quero e o que sou!
Quero traquilidade, paz,sentir-me protegida, segura, amada.
E quem faz parte da minha vida, seja feliz... quero viver desses sorrisos, desses abraços, e quero dizer que os adoro todos os dias!Não os quero perder nunca.
Quero sentir, quero viver cada dia! Amar perdidamente e sofrer se for preciso, sem medo.
Quero dançar à chuva, correr no escuro. Ouvir a noite,sentir a lua, beijar as estrelas e de manhã abraçar o sol.
acima de tudo quero ser quem sou, sem medo de ser, sem andar a esconder-me de mim mesma, sem andar a esquecer-me de mim.
Em 2009, quero ser "eu" para ser feliz!
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